20 de agosto de 2018

Num toque de Midas...










A Flor do Sonho
A Flor do Sonho alvíssima, divina
Miraculosamente abriu em mim,
Como se uma magnólia de cetim
Fosse florir num muro todo em ruína.
Pende em meu seio a haste branda e fina.
E não posso entender como é que, enfim,
Essa tão rara flor abriu assim!…
Milagre… fantasia… ou talvez, sina…
Ó Flor que em mim nasceste sem abrolhos,
Que tem que sejam tristes os meus olhos
Se eles são tristes pelo amor de ti?!…
Desde que em mim nasceste em noite calma,
Voou ao longe a asa da minh’alma
E nunca, nunca mais eu me entendi…

Florbela Espanca

19 de agosto de 2018

We Did(n’t) It!!!






Com o período de férias de verão a decorrer, muitos são os casais e famílias que escolhem sítios paradisíacos e solarengos para finalmente estarem juntos depois dum “ano” de trabalho… mas não conseguem!...

E o "foram felizes para sempre" com que terminam, muitos dos contos infantis, não acontece. Seja a falta de amor, independência, de comunicação ou infidelidade apontada como motivo de separação, é sentido no imediato como “alívio pessoal” face a um desgaste emocional que normalmente se arrasta (silenciosamente) no tempo.   

Seja por falta de maturidade de um ou de ambos os elementos do casal, para lidarem com as adversidades, as “diferenças” tornam-se gigantes irreconciliáveis. E mesmo quando querem, ninguém está preparado para o momento.

O cinema e livros existem para nos fazer sonhar, por isso, deles foram retiradas estrategicamente as “cenas” que revelam que o príncipe (ou a princesa) crescem e descobrem as suas “true colors” e percebem como lidar com elas, ou, que já não se encontram no plano da vida e das ideias… percebem que já não são “feitos um para o outro”…  

É difícil… ter de lidar com toda a emoção, com as promessas que se fazem quando começa a ser tarde… perceber se é Amor ou dependência, hábito… 
  
Até porque com uma separação, termina um projeto de vida pensado a dois. É sentido por muitos como um naufrágio a que tanto resistiram para “não falhar”… algo, alguém a quem se dedicaram sem possibilidade de continuidade, muitas vezes sem vontade consciente de ambos e algumas vezes sem a “autorização” de um deles.

Quando deste encontro nasceram filhos, tudo ganha proporções muitas vezes inimagináveis para quem vive a morte da relação. E tal como de uma morte real se tratasse, há dor, desorientação mas é obrigatório buscar serenidade, (no mínimo bom senso) para orientar os que continuam a olhar e a depender dos adultos. Claro que é preciso fazer o luto para depois reconstruir novo futuro (apesar de não parecer desejável ou possível). 

Reconstruir é sempre obrigatório?! Sim, porque morre a relação e com ela, todas as expectativas construídas ao seu redor.

Assumir o leme do barco da vida, que antes estava em “velocidade cruzeiro” numa zona de conforto, e redirecioná-lo novamente, é obrigatório (na separação ou reconciliação) mas também é algo que ninguém quer ser obrigado a fazer.

Há Amores e desamores… para si, o que vai ser?