5 de maio de 2014

Disciplina & Afeto



Imagine que está num supermercado e o seu filho chora e exige que lhe compre um brinquedo, um chocolate… qualquer coisa que lhe apeteceu… ou são horas de dormir, tomar banho, comer… e nasce uma batalha?... Reconhece?

Muitas vezes os pais perdidos de cansaço, de culpa por não terem tempo para serem pais, ficam “sozinhos” frente à difícil tarefa de educar os seus rebentos, ouvem os comentários de amigos e familiares que lhes dizem muito e nada.... porque “no meu tempo era um palmada e a birra acabava logo”. Os pais que procuram soluções ficam perdidos com tanta “orientação”!...

Toda a ação das crianças visa despertar a atenção dos pais, e toda a ação deve ter uma consequência, positiva ou negativa dependendo da ação, mas há a possibilidade de aplicar disciplina de forma afetuosa e eficaz se face ao comportamento inadequado, os pais:
- Tiverem uma ação-consequência imediata, porque as crianças têm uma memória de curto prazo. Se aplicar a ação mais tarde a criança não vai entender o porquê, logo, futuramente não inibe o comportamento inadequado.
- Se escolherem uma consequência que seja aplicável na maioria de situações semelhantes, ou seja, uma ação coerente. Assim, a criança cria um reportório de emparelhamento de ação-consequência que serve de guia autorientador.
- Se comunicarem de forma firme, pois a atitude com que expressam a consequência tem mais força do que os gritos, pois transmite que os pais estão seguros das regras que colocam e que as vão fazer cumprir, sempre!
- Se escolherem consequências concretizáveis, que sejam de fácil aplicação. Se ameaçam no calor do momento com consequências que não pode cumprir (ou não quer) perde a eficácia a curto prazo, pois a criança “aprende” que não acontece nada.
- Se protegerem a personalidade em desenvolvimento da criança, sendo justa, incidindo sobre a intenção e não sobre o ato em si. A criança que magoou outra mas sem intenção, a ação-consequência tem de ser diferenciada de outra com intenção. Da mesma forma, a criança que agiu mal não é “má” mas fez, teve um mau comportamento.
- Por fim, uma consequência que seja construtiva. É preciso oferecer uma justificação adaptada à idade e soluções alternativas quando dizemos que “não” há criança, para que ao longo do tempo ela construa um reportório de ações alternativas e positivas a ter em situações semelhantes.  Se é negado um pedido à criança, ela tem direito de ficar triste ou zangada, mas a expressão desse sentir é que tem de ser ajustada.

Claro que a tarefa de estabelecer limites torna-se mais difícil quando não existe acordo entre os pais quanto à medida corretiva a seguir, mas em caso de desacordo, devem evitar mostrá-lo à criança. Podem falar em privado e se for necessário alterar alguma medida que um já adotou, cabe a esse qualquer alteração ao que está imposto, para que a sua autoridade seja reforçada e não fragilizada aos olhos da criança.


Em suma, o “bom castigo” deve permitir a alteração do comportamento, por isso, antes de aplicá-lo, avise a criança com uma advertência, se ela persistir retire-a para um local mais sossegado e no percurso não a repreenda. Chegando ao local, que seja livre de distrações (brinquedo, TV...) explique-lhe que vai ficar ali a pensar no seu comportamento. Este time out tem um período limitado (com inicio e fim) colocado e levantado pelo adulto. Como orientação, um minuto por cada ano de idade que a criança tenha. Quando elas são muito pequenas não vão “pensar” no seu comportamento, mas o retirar para um local à parte ajuda a diminuir a agitação (choro, movimentos motores) e torná-la mais recetiva às correções do adulto. O que aumenta a probabilidade de alteração do seu comportamento no futuro. 


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