Imagine que está num supermercado e o seu
filho chora e exige que lhe compre um brinquedo, um chocolate… qualquer coisa
que lhe apeteceu… ou são horas de dormir, tomar banho, comer… e nasce uma
batalha?... Reconhece?
Muitas vezes os pais perdidos de
cansaço, de culpa por não terem tempo para serem pais, ficam “sozinhos” frente
à difícil tarefa de educar os seus rebentos, ouvem os comentários de amigos e
familiares que lhes dizem muito e nada.... porque “no meu tempo era um palmada
e a birra acabava logo”. Os pais que procuram soluções ficam perdidos com tanta
“orientação”!...
Toda a ação das crianças visa
despertar a atenção dos pais, e toda a ação deve ter uma consequência, positiva
ou negativa dependendo da ação, mas há a possibilidade de aplicar disciplina de
forma afetuosa e eficaz se face ao comportamento inadequado, os pais:
- Tiverem uma ação-consequência
imediata, porque as crianças têm uma memória de curto prazo. Se aplicar a ação
mais tarde a criança não vai entender o porquê, logo, futuramente não inibe o
comportamento inadequado.
- Se escolherem uma consequência
que seja aplicável na maioria de situações semelhantes, ou seja, uma ação coerente.
Assim, a criança cria um reportório de emparelhamento de ação-consequência que
serve de guia autorientador.
- Se comunicarem de forma firme,
pois a atitude com que expressam a consequência tem mais força do que os gritos,
pois transmite que os pais estão seguros das regras que colocam e que as vão
fazer cumprir, sempre!
- Se escolherem consequências
concretizáveis, que sejam de fácil aplicação. Se ameaçam no calor do momento com
consequências que não pode cumprir (ou não quer) perde a eficácia a curto
prazo, pois a criança “aprende” que não acontece nada.
- Se protegerem a personalidade
em desenvolvimento da criança, sendo justa, incidindo sobre a intenção e não
sobre o ato em si. A criança que magoou outra mas sem intenção, a
ação-consequência tem de ser diferenciada de outra com intenção. Da mesma
forma, a criança que agiu mal não é “má” mas fez, teve um mau comportamento.
- Por fim, uma consequência que
seja construtiva. É preciso oferecer uma justificação adaptada à idade e soluções
alternativas quando dizemos que “não” há criança, para que ao longo do tempo
ela construa um reportório de ações alternativas e positivas a ter em situações
semelhantes. Se é negado um pedido à
criança, ela tem direito de ficar triste ou zangada, mas a expressão desse
sentir é que tem de ser ajustada.
Claro que a tarefa de estabelecer
limites torna-se mais difícil quando não existe acordo entre os pais quanto à
medida corretiva a seguir, mas em caso de desacordo, devem evitar mostrá-lo à
criança. Podem falar em privado e se for necessário alterar alguma medida que
um já adotou, cabe a esse qualquer alteração ao que está imposto, para que a
sua autoridade seja reforçada e não fragilizada aos olhos da criança.
Em suma, o “bom castigo” deve
permitir a alteração do comportamento, por isso, antes de aplicá-lo, avise a
criança com uma advertência, se ela persistir retire-a para um local mais
sossegado e no percurso não a repreenda. Chegando ao local, que seja livre de
distrações (brinquedo, TV...) explique-lhe que vai ficar ali a pensar no seu comportamento.
Este time out tem um período limitado
(com inicio e fim) colocado e levantado pelo adulto. Como orientação, um minuto
por cada ano de idade que a criança tenha. Quando elas são muito pequenas não
vão “pensar” no seu comportamento, mas o retirar para um local à parte ajuda a
diminuir a agitação (choro, movimentos motores) e torná-la mais recetiva às
correções do adulto. O que aumenta a probabilidade de alteração do seu
comportamento no futuro.
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